Doenças psicossomáticas
O surgimento dos casos de histeria, durante o século XIX, fizeram com que questões capciosas surgissem para o projeto da medicina científica e naturalista. Em um contexto histórico onde a razão e o culto à consciência predominavam, os sintomas como paralisias e inibições que não correspondiam a algo orgânico intrigavam e se colocavam como um desafio para a época, permitindo, assim, que outras ciências que não se delimitavam na lógica positivista, iniciassem as diretrizes de um conglomerado teórico que pudesse dar conta dessa realidade. Nesse sentido, no contexto dos estudos sobre a histeria de Freud e Breuer (1895), o conceito de Inconsciente vai sendo delineado, bem como as técnicas e os métodos que permitem sua investigação, levando à composição de uma nova ciência: a Psicanálise, constituída por um objeto e um método específicos.
Freud, que inicialmente investigou o inconsciente através da técnica da hipnose, descobriu que o não consciente possuía suas próprias leis de funcionamento que fogem totalmente à consciência, e é por meio dessas leis que fora desvendado o mecanismo conversivo que havia por trás dos sintomas histéricos. A conversão foi descrita por Freud como um mecanismo inconsciente, presente na matriz clínica da neurose histérica, em que a pulsão ligada a uma ideia é recalcada e convertida em representantes ideativos do próprio corpo. Mas não se trata, aqui, do corpo biológico, e sim do corpo erógeno, dotado de uma anatomia imaginária, que subverte o corpo real, de tal forma que a ordem erógena se constitui como um duplo da ordem biológica a partir da superfície corporal (Leclaire, 1979/1992). O corpo erógeno é aquele que tem, em sua anatomia imaginária, fantasias sexuais específicas que, de alguma maneira, estão interligadas a um órgão correspondente. É, portanto, um corpo desejante, que supera o determinismo biológico: os órgãos não são utilizados somente para satisfazer as necessidades de sobrevivência, como ocorre com os animais, mas também satisfazem, expressam e evocam desejos, e é nisso que o homem se diferencia dos animais: ele tem pulsões e não instintos.
Após anos de estruturação o termo psicossomático, surgiu no século passado, através de Heinroth, com a criação das expressões psicossomática (1918) e somatopsíquica (1928). (Mello Filho, 1992).
Contudo, só foi se consolidar em meados deste século, com as contribuições de Franz Alexander e da Escola de Chicago. Porém, as dúvidas com relação mente corpo continuam expressas na própria denominação psicossomática e ainda continua a ser usada por muitos estudiosos destes fenômenos.
Para Alexander, o termo psicossomático: deve ser usado apenas para indicar um método de abordagem, tanto em pesquisa quanto em terapia, ou seja, o uso simultâneo e coordenado de métodos e conceitos somáticos - de um lado e métodos e conceitos psicológicos por outro lado. (Alexander, 1989, p.42). [1] [2]. fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Doença_psicossomática
